domingo, 29 de abril de 2012

Neymar faz 3 e Santos vai a final


Neymar faz 3 e Santos vai a final "Quem foi que falou que eu não sou um moleque atrevido?". A voz do sambista Jorge Aragão ecoou no saguão do Morumbi quando Neymar desceu do ônibus e caminhou para o vestiário. O craque ouvia e se inspirava. Tanta gente boa em campo, mas ninguém com seu poder de decisão. A vitória do Santos por 3 a 1 sobre o São Paulo, a classificação para a final do Campeonato Paulista, tem o carimbo de Neymar.

De um Neymar centenário. Mais que centenário. O gol 100, de pênalti, teve comemoração discreta. Sem dancinhas, sem tchu, sem tcha... Seriedade de um clássico muito bem jogado pelas equipes. No gol 101, homenagem a Juary, atacante dos anos 70/80 que viu sua marca ser exterminada pelo gol 102, marcado com a colaboração de Denis e festejado, aí sim, com o gingado da certeza da vaga.

"Respeite quem pôde chegar onde a gente chegou". O verso da música também explica o Santos, na decisão pelo quarto ano consecutivo. Explica Neymar, que já chegou longe e parece não ter limites. E explica o São Paulo, que chegou aonde podia. Com bons jogadores, mas frágil defensivamente durante todo Paulistão, foi eliminado com boa atuação, mas sem um moleque tão atrevido assim.O Santos vai a Campinas no próximo domingo para abrir a decisão contra Guarani ou Ponte Preta, que se enfrentam às 18h30 no Brinco de Ouro. Ao São Paulo, resta a Copa do Brasil. Na próxima quarta-feira, no Moisés Lucarelli, o time fará o primeiro jogoGol logo no início O Sâo Paulo finalizou mais (7 a 5), levantou mais bolas (11 a 2), teve mais escanteios (4 a 0), e provou que quantidade não é qualidade. O Santos precisou de pouco tempo e poucos toques na bola. Cada um em sua especialidade. Adriano roubou a bola, Neymar clareou a jogada, Arouca avançou e tocou para Alan Kardec ser derrubado por um estabanado Paulo Miranda, que manteve a regularidade de falhas da primeira fase. De azul, de pênalti, aos três minutos, Neymar fez o 118º da carreira, somando gols por Santos e Seleção Brasileira.

Quando o melhor time do país, dos garotos craques, abre o placar tão cedo, a impressão de domínio e goleada é inevitável. Engano de quem pensou que o Tricolor fosse se acuar. Trocou passes com velocidade no meio, usou bem Cortez pela esquerda, mas esbarrou na trave após cabeçada de Paulo Miranda e na dificuldade quase comovente de Willian José em dominar a bola.



Campo aberto, cheio de espaços, ótimo para quem sabe jogar. Novamente em poucos toques, Ganso e Neymar deram de canela na teórica superioridade são-paulina, e de chapa, mostraram a verdade na prática. Aos 31, o meia dominou e lançou para o atacante, que deixou Paulo Miranda para trás e tocou na saída de Denis.São Paulo presiona, Denis falha, Peixe mata o jogo No clássico da fase de classificação, Rodrigo Caio havia tomado cartão amarelo no primeiro tempo, não saiu, e foi expulso no segundo. Emerson Leão aprendeu a lição. Dessa vez, tirou o amarelado Piris e colocou justamente Rodrigo Caio para marcar Neymar. A outra substituição foi tradicional: Fernandinho no lugar de Jadson.

Pobre do torcedor que se atrasou no banheiro ou na pipoca no intervalo. Não viu Paulo Miranda dar joelhada na bola e perder gol incrível. Não viu Neymar (sim, é verdade!) acertar a trave com Denis deitado no chão. Não viu o gol anulado de Alan Kardec, após falta de Edu Dracena em Paulo Miranda.Talvez não tenha visto Willian José, após bela jogada de Lucas, chutar por cima. Mas teve tempo de ver o centroavante se redimir. Impedido, recebeu de Casemiro, ajeitou para o pé esquerdo e bateu firme. Vacilo do bandeira, festa nas arquibancadas do Morumbi.

A pressão esfriou. O Santos, mesmo tendo que trocar Rafael, lesionado, por Aranha, equilibrou a posse de bola, a torcida passou a gritar mais baixo e Neymar teve ajuda inesperada para, pela terceira vez em 2012, fazer três gols num jogo. Ajuda de Denis, que deixou a barba crescer para impor respeito. Não impôs. As mãos fraquejaram no chute do craque e todos passaram a esperar o apito final. A expulsão de Cícero em falta sobre o camisa 11 só serviu para dar tempero à sua atuação.

Faltam dois jogos para o Santos conquistar o tricampeonato consecutivo, fato que não se repete com ninguém desde 1969, quando o time da Vila levantou a taça pela terceira vez. Contra o tabu, há Ganso, há o vencedor Muricy Ramalho e, acima de todos, há Neymar.


Globo Esporte
PB Agora 

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