quinta-feira, 16 de agosto de 2012

REVELAÇÃO Bruna Sufistinha fala sobre fetiches dolorosos no sexo

Foram poucas e nada excitantes as experiências masoquistas da ex-garota de programa Bruna Surfistinha, alcunha de Raquel Pacheco. Em seu primeiro livro “O doce veneno do escorpião” (2005), com 285 mil cópias vendidas, os relatos sexuais reais são associados ao dinheiro e não à dor. “Tive a chance de conversar com clientes [masoquistas], e perguntar. Eu tinha interesse em saber por que eles tinham prazer em sentir dor. Ninguém nunca soube me explicar", explica a autora. Ela participa da 22° Bienal de São Paulo nesta quinta-feira (16).
A curiosidade e a falta de compreensão justificam, na opinião de Raquel, o sucesso do livro “50 tons de cinza” ("Fifty shades of Grey"), de Erika L. James, recém-lançado no Brasil pela editora Intrínseca. Ele superou os 30 milhões de exemplares vendidos desde o lançamento, em 2011. No Brasil, já foram comprados 100 mil. A obra retrata o romance entre Anastasia Steele, uma estudante de 21 anos virgem, e Christian Grey, jovem e milionário empresário, homem de hobbies caros e comportamento controlador, adepto de açoitadas e outros fetiches dolorosos durante o sexo. A trilogia, acredite, foi inspirada na saga "Crepúsculo".
Na época em que trabalhava como garota de programa, Raquel teve que caminhar pelas costas de um homem usando sapatos de saltos finos e altíssimos. A proposta partiu do próprio cliente, que tinha apreço pela dor provocada por tais calçados. “Eu já não me senti bem, fiquei preocupada, via as marcas, os hematomas. Eu comentava que estava machucando, mas era isso que ele queria. Foi a única experiência que eu tive. Não compreendi e não gostei.”
Quando tomou conhecimento da obra, ficou decepcionada ao saber que E.L James retrata o masoquismo apenas na ficção. Achou que finalmente poderia compreendê-lo do ponto de vista autobiográfico. Ainda assim, avalia a trama como revolucionária. “Hoje a prostituição é um assunto que virou clichê. O masoquismo ainda é cheio de mistérios, segredos. Nunca foi abordado dessa forma popular. É importante debater sobre isso.”
A prática, na visão da escritora, exerce na sociedade atual o valor de imoralidade já associado às garotas de programa. "É difícil encontrar pessoas que assumam ser masoquistas. Elas se escondem ainda mais do que na prostituição." Embora revele interesse pelo estilo literário que a consagrou, recorda-se de ter lido apenas duas obras sobre o tema. “Pra mim nunca foi comum ler esse tipo de livro. Quando eu era garota de programa, eu não queria viver sexo 24 horas por dia, buscava outros assuntos. Hoje me agrada mais.”
As descrições da relação sexual entre Anastasia e Grey podem ser lidas a partir da página 100. Na biografia de Raquel, não há preliminares: elas aparecem logo no início da obra. As diferenças entre os estilos são numerosas, mas atraem o público – principalmente feminino – por fatores comuns. Os ingredientes sexo e dinheiro são protagonistas.“Os tabus estão sendo quebrados, por isso que as pessoas estão buscando livros eróticos", analisa Raquel.
Além do apelo fetichista da literatura de ambas, ela defende outra semelhança: “Quando lancei [o livro ‘O doce veneno do escorpião], existiam poucos sobre o tema. No Brasil fui pioneira. Meu livro se tornou um best seller. A semelhança está nisso, um livro que aborda um tema novo na literatura. Ela foi tão pioneira quanto.”
Raquel Pacheco na 22ª Bienal de SP Quem: autora de "O doce veneno do escorpião" debate com Fal Azevedo e Ana Paula Maia sobre "Blog como espaço de criação" no espaço "Salão de ideias" Quando: quinta (dia 16), às 16h. Onde: Pavilhão de Exposições do Anhembi (Av. Olavo Fontoura, 1.209, Santana). Quanto: gratuito - serão distribuídas senhas duas horas antes da atração.

G1 com PB Agora

Nenhum comentário:

Postar um comentário