sábado, 28 de janeiro de 2012

Foto da década de 50 revela que prédio que desabou sofreu muitas modificações

O GLOBO / EDITORIA DE ARTE
A abertura de janelas na lateral do Edifício Liberdade, o maior dos três que desabaram no Centro do Rio, na noite da última quarta-feira, ajuda a alimentar a tese de que obras irregulares podem estar na origem da tragédia. Uma imagem da década de 50 em que o prédio aparece revela que ele também passou por mudanças nas suas dimensões. A construção tinha um recuo nos últimos quatro andares. Com o tempo, esses andares foram expandidos, ganharam novas paredes, e o edifício passou a ter outra forma.

Segundo leitores que fotografaram a região recentemente, as janelas — fora do padrão original da edificação e localizadas na chamada empena cega do edifício — evidenciam que reformas foram feitas à margem dos órgãos fiscalizadores, como o Crea-RJ.  

"A foto retrata o prédio recém desabado no Rio de Janeiro. Nele vemos parte da lateral e podemos notar as janelas inexistentes no projeto original e várias outras transformações efetuadas ao arrepio da lei e sem que se tomasse qualquer medida", relata o engenheiro elétrico Ney Limonge.

O presidente do Crea-RJ, Agostinho Guerreiro, disse na sexta-feira ao "Jornal Nacional" que a abertura de janelas na empena cega do Liberdade pode ter ajudado a comprometer a estrutura do prédio, que acabou caindo sobre os outros dois.

— A parede deveria ser inteira, de cima a baixo — disse Guerreiro, ao analisar imagens do prédio antes do acidente.  

Um dos condôminos a abrir janelas na lateral do prédio foi a empresa TO Tecnologia Organizacional, que fazia obras em dois andares. Um dos sócios da TO, Sérgio Alves de Oliveira, negou que as janelas possam ter contribuído para o acidente.

— É uma irregularidade estética. Já que muitos no prédio faziam, também fizemos — afirmou o empresário.  

Uma outra surpresa sobre a planta do prédio apareceu durante o trabalho de resgate dos mortos no desabamento, na tarde de sexta-feira. O 14º corpo encontrado sob os escombros estava no subsolo do edifício, área que os bombeiros nem sabiam que existia.

Os bombeiros chegaram a interromper as buscas por alguns momentos, para avaliar a segurança no local. O risco de mexer numa área desconhecida era grande, porque uma parte da parede do Edifício Liberdade, que ainda está colada no edifício que fica na esquina das avenidas Treze de Maio e Marechal Floriano, ameaça desabar.

Um bombeiro desceu por um buraco aberto e depois o trabalho foi reiniciado com o uso de pá mecânica. À medida que o andar era vasculhado, muita fumaça começou a sair. Minutos depois, o 15º corpo foi localizado e retirado.

O Globo/Mais PB

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